Vai um choquinho ae?
- Fisioterapeuta Fernando Padilha
- 18 de mar. de 2015
- 3 min de leitura

A eletroterapia no paciente Oncológico
O tratamento fisioterápico de um paciente oncológico requer o controle do metabolismo sistêmico, para não aumentar o risco de metástase e para o real processo de duração da medicação ministrada.
Um dos recursos que podem ser aplicados é eletroterapia. Esta simples afirmação pode sim já ser passível de controvérsia. A eletroterapia, que vem do estudo científico chamado de eletrologia, é um procedimento clínico presente na fisioterapia moderna, e trata-se de um envio de sinal transcutâneo que respeita a fisiologia da condução nervosa, levando a despolarização da membrana celular e a um eventual potencial de ação. Tudo isto englobado dentro de um tempo de estímulo.
Existe a estimulação elétrica neuromuscular (NMES), a elétrica muscular (MÊS), elétrica funcional (FES) e as microcorrentes ( MET, METS, MTC). A utilização mais comum da eletroterapia é a estimulação elétrica nervosa transcutânea ( TENS ), que age sobre fibras nervosas grossas A-Alfa (sesoriais), e sobre as fibras motoras, com objetivo de eletroanalgesia.
O TENS se divide em convencional, acupuntura, breve-intenso e burst. A freqüência será aplicada por segundo, com um número de impulso elétrico bifásico assimétrico mas compensado ( positivo e negativo com mesmo tempo de duração e mesma intensidade). A freqüência sempre será inversa a duração do impulso elétrico, para fibras sensórias em fase aguda estipula-se uma configuração na freqüência de 90 a 130 hertz com impulso de 20 e 50 useg, já para fibras motoras em fase crônica uma freqüência de 2 a 10 hertz e com impulso entre 180 e 250 useg.
Na prática clínica encontramos alguns artigos e estudos interessantes, por exemplo o uso de TENS para pacientes com câncer. A dor oncológica é bem detalhada e deve ser estudada a parte. O fisioterapeuta deve sempre levar em conta toda a medicação que está sendo ministrada ao paciente, alguns casos a própria terapia do TENS se torna de difícil aplicação, devido a alteração sensitiva proporcionada pela medicação.
O estudo mais antigo que encontrei foi de 1979 do médico Ostrowski, intitulado “Pain control in advanced malignant disease using transcutaneous nerve stimulation”. Apesar de não especificar os parâmetros utilizados, mas aplicando o TENS, ele obteve uma diminuição nos medicamentos analgésicos em 13 pacientes com diferentes tipos de câncer.
Já na década de 90, algumas pesquisas quebravam um pouco esta corrente, um estudo traçado por Long , chamado “Fifteen years of transcutaneous electrical stimulation for pain control”, nega qualquer alteração da dor com base no TENS, e não apenas na oncologia.
No mesmo ano o brasileiro Osório, no estudo “Estimulação elétrica nervosa transcutânea no alívio das dores em pacientes com câncer de cabeça e pescoço” desenvolveu um interessante e bem detalhado estudo sobre 5 pacientes com câncer de cabeça, porém dois anos após o estudo de outro pesquisador Abram, intitulado “ Advances in chronic pain management since gate control”, demosntravam que existiam poucos estudos sobre a utilização de TENS para pacientes oncológicos, o que deixa um início de década propício para estudos proeminentes sobre o assunto.
O que veio desde então? Os estudos ainda hoje são realizados mas ainda bem controversos quanto a eficácia ou não da utilização da eletroterapia, mais específica o TENS. Existem diversos parâmetros dispostos em diversos artigos, difícil encontrar estudos que foram repetidos em diferentes épocas.
A prática clínica tem demonstrado que existe sim a analgesia, porém a medicação com base em morfina interefere e muito na percepção e é também um fator de resistência para a aplicação do TENS. Vejo que aumentos significativos de freqüência possuem sim um efeito mais duradouro e eficaz, devendo a baixa freqüência ser evitada. Outras afirmações irão requerer tanto maior tempo de prática como também mais estudos que desde de 1979, ainda buscam uma resposta.
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